PALAVRAS DITAS


a JANELA DO POETA

Pensamentos poéticos que me afloram à pena


Faro berçou num terreiro salgado e na Ria se enlaçou enamorado

O 47 de São Pedro é onde habito! Uma casa como nenhuma e de braço-dado a um Largo de tantas outras. Na fachada o moderno foi estimulado – turvo d’um tempo que, afadigado, de ausente se associou ignorado. O Largo de São Pedro goza um corrente que é figuração refulgente!

A velha casa descrevo
como hei-de contar-vos este livro de memória?
Que direi!?
De sua janela escrevo…
Agora!
                         
Paredes brancas de caliça e pedra. A chaminé altaneira que outrora arejava num gorgolejar de fumo. No seu inclinado telhado, encorpado por telhas de canudo, a sombria humidade escorre musgo pelas caleiras d’enxugo. Na entrada por cantaria agasalhado é notório o 47. A sua janela, de idêntico material adereçada e a uma altura de prosa posicionada, através do vidro, revela a sua imorredoura paz.

Os orvalhados ventos da história impregnaram de salitre as decrépitas paredes. Assopraram de tão aquém – o seu enquadramento aos dias. Hoje!
           
Encolhida. Sorrateira. Barricada. Ficou apresada numa teia temporal – evolutiva, e devoluta – dos amontoados envolventes. Alguns quiçá, tão-somente descompostos. Outros porém: derrelictos destroços. O logradouro de antanho: vozeava de famílias que assentadas, e em bulício – encostadas às fogosas noites de verão –, enlaçavam prosas e lendas. Ouviam os grilos grilando!

“Estes calores são de mais, o tempo vai mudar, hora se vai… sinto-me assovacada por uma forte dor nas cadeiras, as minhas cruzes latejam que nem pandeiros”, disse Maria Pingalha. Maquinalmente alisou a cabeça e, de seguida, o seu branco e ralo cabelo enrolou, um carrapicho embaraçou, e lá no alto o prendeu com pretos ganchos que da boca retirou, e sem se deter. Sim! Ela sem se deter assim continuou. “Sabem a última novidade? Ontem, noite de lua cheia e a altas horas, foi olhado um lobisomem horrendo! Um lobo preto e feroz que vagueava p’lo Alto da Caganita. Dizem que era a alma penada do João Malcriado da Cova da Onça que andava a espiar a ruindade!”. “Oh que horror! Santo Cristo nos valha!, e se se arrima ao Largo de São Pedro, quem o apazigua?”, carpiu Pisca Pêdioca. Logo disponível Xaroca Azul encomendou, “Só o nosso vizinho, o corpanço Chapa d’Aço que lhe sobra tento para o esganar! A avantesma com corpanzil de lobo, tem que padecer de uma sangria de jorro para que lhe seja quebrado o feitiço”. Maria Pingalha, aparvoada, esbugalhou um sim amedrontada. “Ah!, que as bentas tábuas do sacrário nos acudam!”, persignando-se rezou ais a beata do Pardal Preto.

A janela permanecia entreaberta…
Alguém assomou e por lá se quedou…
De olhos na mão – sobre o parapeito escreveu
e tudo a eito moveu…
De vigia a descrição redigia!…


Sobranceira à minha janela, entrevejo: a Igreja de São Pedro, e de soslaio – e acima – os torreões da Senhora do Carmo.

Acotovelado sobre o parapeito não padeço o desencanto da rotina. Ausculto o mundo que me envolve. Viro e reviro o interior ausente dos calcorreantes.


FARO – ALGARVE - PORTUGAL


A PROCISSÃO


SÃO PEDRO INTERIORIZOU a morte e ressurreição de Cristo.

Em prevalecido ciclo e de quadra precedido, já o Largo copioso, mais do que colher, era generoso! Convivia.

Na Páscoa da visita e em passagem – todo o pessoal convergia.

Austera, sublimando elegante respeito, a Igreja intimamente tapada, anunciava nudez – todo o seu corpo tangia! 

De análogos argumentos e cuidados congruentes ultimados a massa populaça aportaria.

OS TORREÕES REVERBERAM: escoam a zoada dos sinos. Proclamam clamores divinos!

O Padre irrompe, principia a pregação do sermão. A balbúrdia desde logo se acomoda.

Padre Zé Gomes pregou: “É chegada a Páscoa. Sejamos filhos merecidos. Exultemos agradecidos!”

ABALOU JESUS CRISTO DA IGREJA pelo esforço de quem o carregou. Vestia roxa túnica. Trazia ao pescoço um amarelado e grosso cordel enleado e sobre o peito derramado. Em cinta a dele aperreado!

Feito cruz o madeiro.

Sofrimento!…

Ele carregava…

Ajoelhado aliviava…

Num ornamento com flores de certas cores, padecia.

Tocante rosto seu de ternura transluzia!

A Procissão de Nosso Senhor dos Passos debanda em parada

Ordenada!

Filas pareadas. Corridas. Alongadas!…

Por crentes engalanadas, que velas alimentam por chamas encimadas, ladeiam o religioso saimento.

Arvora a tocha queimando a mão, há alarido em profusão: “Chiça que me incendiei…”
Disse Miclina calcando o lume que tisnava o chão.

O velho mandador Manézinho-Latoeiro organizou a marcha do andor:
“Atenção… atenção malta!..., vai acima – e um e dois e um e dois e um e dois – em frente!,  passo certo. Devagar e sempre!”

O andor, de lâmpadas acesas e portado aos ombros por gente humilde, cadencioso baila solenemente de começo para deparar a marcha…

Arrima-se povo de si e por si num respeitoso ripanço religioso. 

Piedosos se quedam e por fim seguem…

Os homens, que vislumbravam a passagem, genuflexos, decaíam a cabeça em viso de menagem. De chapéu na mão, cabisbaixos, em prolação.

As mulheres com lenço na cabeça, de postas mãos e de rosário em punho, divinizam a crença. Rezavam ternurentas… Bentas!

Finaliza o préstito a Charanga do Sport Lisboa e Faro.

Os clarinetes gemem arrepiantes chorrilhos de lamúrias…

Marcham e tocam: o Silva, o Reis e os outros… 

Avançam os músicos a toque de caixa – arrufam e bufam!

O Cortejo de Nosso Senhor dos Passos passava…

ELE RESSUSCITOU COMO DISSE

ALELUIA!…

ALELUIA!…

ALELUIA!…

COM UM BRILHO MIUDINHO

Certa vez uma estrelinha
Toda em pontas e redondinha
Bem acima e lá no alto
Tão grande mas miudinha
Alumiando e cintilando
Dentro de nós se ajuntando
Nos tocando e abençoando

Estrelinha de Jesus
Guiando os magos à sua luz
Lhes trouxe os reis em
Mais-valia por companhia
E o pastor quiçá doutor
Que em desfavor e sabedoria
Sem importância se antevia

Estrelinha dentro de nós
Bem no fundo a brilhar
De lampejos sem cessar
Jamais sem dar que pensar
Nossa amiga companheira
No motivar e a amar
Sem por nunca se cansar

É fortuna esta estrelinha
No azar ventura a sorte
Traz alegrias com mote
Grandes virtudes com norte
Muitos milagres de porte
Coincidências de toque e
Outros casos que avoque

Cada um com sua estrelinha
Bem fazeja e douradinha
Do pobre afasta a mágoa
O cedente inunda de água
Ao ímpio o enche d’alva
Ao desencantado e dorido
Achega-lhe o amor vivido

Crer na estrelinha da sorte
É vencer a própria morte
Trazer sentido à vida
Derramar a fé incontida
Viver a plenitude cingida
Levar um sorriso no rosto
E fazer com que esse riso
Noutros lábios tenham gosto


 


DA MINHA JANELA – VEJO O MAR AO FUNDO


EQUIDADE

Será que a Ria Formosa continuará a ser musa de poetas e pintores?
Será que a Ria Formosa continuará a servir catapultas de interesses?
Ou será o legado existencial, para deleitação de gerações vindouras?...

Excerto do meu livro – “Da Minha Janela Afora Pela Janela de Mim Adentro”.

(…) FARO BERÇOU NUM TERREIRO SALGADO e na Ria se enlaçou enamorado:

RIA FORMOSA – a lagoa bonançosa. Espraiada por paradisíacas areias, aquartelou pescadores, ambientalistas, e incertos predadores. Desiguais
– assemelhados afluíram para molhar os pés… Os demais pasmados escaldaram a tez. Ilhas barreiras acondicionaram protecções primeiras – Barreta. Culatra. Armona! Biótopo apetecível virou pastagem perecível. Mareantes. Fiscalistas. Veraneantes. Perturbados por amesquinhes racionais, chafurdaram estouvados.
Que bondosos que eles chegaram! …
Empanturrados de pronto abalaram. Todavia, nostálgicos culposos – os serenos farenses – banzados, a cabeça logo cataram! …(…)

sérgio matos – Chefe do Corpo de Escuteiros Marítimos de Preservação da Ria Formosa – Ginásio Clube Naval de Faro (CEMPRIA).
DE MIM EM MIM!

Se a minha mão escrevesse
o que me vai na alma...
eu seria um homem feliz

Como assim não escrevo
e já exausto de escrever
volto a escrever

Sofro a minha alma
em palavras não escritas

A escrever depois de mim
volto a escrever...

Haja o que houver!...

 

AMOR ENAMORADO

Ao pôr-do-sol estive
Sentindo-te a meu lado
O céu ao fundo avermelhado
De cor se me vestiu enamorado
Te senti te respirei tão encantado
De amor te agasalhei
Me fecundei!
Terno e arrebatado
Entorpeci!
Maravilhado

ONEIDA!

Nada surge do nada

As imagens depois de nós

Se movimentam

O visível transparece

Haja luz!

Nas trevas

O escuro vive obscuro

Expira maturo!


No amor só há o ser

Ao saber se junta o querer

No olhar se sente o ver

Na vida se vive o ter

 Em nós 

- Grandes amores –

Que bom viver!

INTROSPECTIVO

Saber ouvir 
É escutar o silêncio
É deixar chegar as palavras ao coração
É beber o diáfano da alma
– Seu diadema de luz
É interiorizar o outro
– Enfoque de laços!



INSTANTÂNEO

VIVER
é permanecer p’rá lém de mim
Ter a olfacção da aragem em movimento
Compreender a solidão em eco de catapulta
Ter a paciência sentida que para além de nós
outros transpiram p’la ânsia de viver

Estou em todo o lado
Não estou em lado algum
Existo – num êxito opaco
Sou filtração de uma vida
Uma intuição consciente

Na confluência de tolerâncias várias,
olhar o espelho e encontrar-me
é aceitar o meu semelhante,
que segue outro caminho
e tem outra história

Na duplicação de uns nos outros:
saber dividir diferenciando,
é caminhar por uma rua
que é um mundo

Cada um de nós tem vocação
para o que existe
O que existe tem a ver
com o que está dentro
de cada um
Nós, em cada um – somos um cais de partida
Nunca um porto de chegada

AMAR POR AMOR

NO AMOR…
Tenho a luz,
o sonho, o gesto,
a profunda dor…
Ilusão
- Amor!

No amor…
eu tenho os dias,
as ocultas noites,
Nostalgia!
A memória virtual

No amor…
tenho tudo e o nada haver…

Desideratos abstractos…
fantasias, crepúsculos,
devaneios…
Alegorias!

No amor…
tenho a percorrida vida,
o pensamento amado…
a profundidade esquecida
Êxtase!...
O fio d’alma
Revertida


SILÊNCIO

O verdadeiro segredo
de estarmos sempre presentes
naquilo que fazemos
é conseguirmos muita coisa sem nos perdermos

O estado de vigília constante
a que somos submetidos
ao contrário de adormecer
desperta-nos
no compulsar atento
daquilo que nos rodeia

Vivemos o livre fruir dos nossos
pensamentos
a forma rítmica com que
sentimos e agimos
A harmonia que se manifesta
em relação a tudo e todos

É-nos intrínseca a capacidade
de amar
- o desejo e o júbilo
no que faz

E somos!!


VOLÚPIA

Como é bom sentir o inatingível e gerar o imediato
Olhar o coração apinhado de esperança e dizer sim
Permanecer para além de nós nas horas ociosas
Gerar outra paz e revoltar nascendo o que de nós brota

Cheirar a fé odorada e defumar o repleto alento
Acreditar na vida como passagem para algures

Caminhar!!

Enlaçar o sonho em mar de esperança e amar sorrindo
Renascer nascendo depois da morte e ternuras guardar

Conter a pena de perdurar apenas só

Vivendo!!

Outras vidas seus ecos escutar lamentos de solidão

Atento!!

Perder-me enlaçado no desenlaço de outras almas

Sentindo!!

Palmilhar o agnóstico da carne e sofrer o espírito levitando

Fecundo!!

FOTOTROPIA

Através de pequenas coisas
e invadido pelo mistério
pressagio meditação
Obscureço o entendimento
e conjugo-me no afirmativo
Acorro a sugestões internas
Inverto os factos e insidiosamente
procura estimular o amor-próprio
Desobedeço
- abusando dos poderes divinos
Levo à ânsia o meu instinto
Inverto a ordem
- sou acto revolucionário

Na fraqueza de tudo ser
desperto o meu nada promissor
Seiva de esperança
deglutida de apreensão
Sortilégio/Desventura
Tão-somente
- vontade d’quele que me enviou

Haja – Luz!..
DIMENSÃO MAIOR
Subo à minha torre de cristal
E sinto um céu de azul jasmim
Edifico ilhas de segurança
E vivo a paz como refúgio
Desato o sonho e prendo o tempo
Que esvoaça em meu pensar
Parto e chego a desoras
Vivo e fujo de tanta pressa
Vislumbro o mar
Que de ondas sucessivas molha a areia
Do seu abraço
A sede basta que refresca
Sublimo o crer
E entrego o imenso prazer
Tão bom é estar vivo
Alagando o meu olhar
Fugaz mais lestos que o lamento
A voga as horas do vício
Em pousio no tempo d’ócio
No meu mirante de cristal
Existo….
Ficarei!
DE MIM O SOPRO

Olhando p’ra mim respiro o que escrevo
Palavras saídas sentidas de dentro
Anseios alados vividos esfumados
Penumbras trazidas lonjuras guardadas

Revejo remiro ilusão tormento
Dor incontida angustia momento
Ajusto de coisas figuras passadas
Princípio sem fim saudades amargas

Atento deslumbro contento contacto
Vidas sofridas tão de abstracto
Resumo consumo nas dobras do tempo
Revejo reverso no verso de mim
Tristeza ternura confusão sem fim

Sou ponto de vida exclamação d’alguém
Certeza concisa colhida de quem
Trazida embalada de questões e razões
Olhar maduro que pinga ilusões




EXALAÇÃO D’ALMA

A hera crescia
Galgava a parede
Afanosa
Ela o verde aspergia

No jardim
De tamanha olência
As abelhas fecundavam o jasmim

Ao desamanhecido dia
Garganteava o pintassilgo
A semente desmiolada depenicava

Aqui…

Ali…

Desejava!

Em gargarejos de dor
Arrojava a asa ao seu amor

No brejo se refrescava!

INAPTOS

Só conheço de nome
e ouço falar

São aquilo que cobiçam
e mostram outra razão
do algures que não o são

Pavão em penas suas
de cores já desbotadas
- alegram por fora
por dentro a pigam
água de choro

Na inexactidão do começo
apiedam-se
à continência
do fim

Só de nome conheço
e falar
os ouço!
CLARIDADE

Nas trevas vejo
em dia estou

No que me alaga
dono não sou

Um rio
esboroado
p’las lágrimas
que de mim brotam

O montante derrama
cristais de luz
- saudades –
que meu estuário banham

Escorro a jusante
de abraço a
outras águas
tamanhos mares

D’alguém
por fim resvalam prantos

O nenhures greta
tísica de sede

Desmesuradamente
Inundo algures!


ÁTONO

Ao sol me assento
cansado de estar…
vivo o ausente
deglutindo o tédio

Sou lança de romba ponta
que o espaço arromba

Dicotomia rubra
- direito e torto
certo e errado
sim/não

Antinomia!

Acento
assentado no
acento.

AMOR

Solto um passado apaixonado

Que de agora

Dentro e fora

Cobiçado!!

Ganha forma de gotinha

Alma minha!!

Se regenera em temperança

Confiança!!

Não duvida

Tem esperança

Afiança!!

Crê no coração

Que tudo alcança!!


 
TEMPO AUSENTE

Debalde existo
conquanto sou:
milafre, pombo,
pardal ou cuco

Reencarno o antes…
sou hoje!

Talvez e sempre
estigma de nada…

Por vezes
a parte alguma
caminho…

Procuro a ponta
que enovelada
em mim me trará
a harmonia que
não conheço

Sou um guerreiro de paz
vivendo o tempo
ausente 

No tempo
p’lo tempo
com tempo…
fiquei só!

Repetitivamente
fui abandonado…

Num tempo que amo

Um tempo
intemporalmente
ausente!



HIATO
Hoje…
Perdido nas palavras, confundo o ser, enleio o ter
Amálgama de um só nó
Sinto o odorado bafio negro
Salivo a frase entrecortada e muda
De soslaio assomo à janela que abro e bafejo
Anulo a pestífera aragem sufocante
Congruente -
Devaneio o ápice!...


COMOÇÕES DE AMORES

A luz se encobre
No resplendor me deito
Sem saber donde
Ultimo jeito

Sou coisa pouca
Nesse enlaço
À boca mouca
Vibro o abraço

Arvoro a flâmula
Oh vento bruto
Clamor sem chama
Amor produto


SEMENTE… HOJE!

Aro a terra
Preparo o poiso
Afago a turfa
Enleio o gosto
Acalento o chão!…
Por entre as mãos 
desprendo os grãos!…


 TOPONÍMICO – A COR

Pinta o véu
Pinta a luz
Pinta o céu.
Pinto de mim também eu…
Pinta o vasto
Pinta a cor
Pinta o breu.
Pinta o mundo colorido…
Pinto eu!


FLUÊNCIA

Sou um rio subterrâneo
que se esconde em sua ânsia
Não transbordo e nem alago
Ai se mar eu fosse… Ai se mar eu fosse…
- o caminho deste lado para o outro
Fazia parar o tempo,
e em minhas mãos sufocava
o bafio que o escuro cria

 


TERTÚLIA – CARAVELA BOA ESPERANÇA

Rostos pungentes
enxugam o sul, o olho do temporal
surreia pó mareando as vistas.

O Comandante unido ao leme,
em contemplação de arrojo
imaniza calma.

A Caravela, de latina vela alvadia e preada,
governada em arvoro de capa é
arribada à tormenta.

Os calejados homens transbordam oníricos,
aplacam o escarcéu
com suas alegorias.

– Acima… Acima! …
Acima… Raça de Gente! …
À Gávea do Traquete Real!

 

AMOR: INSTANTE  


Escureceu a lua e caiu a gota.
Pequenina. Iridescente.
Delongada!
E resvalou pró chão.
Estatelada!
Gemeu a dor sentida,
o insignificante que igualava.
Depois sorriu… Sorriu…
Sorriu resplandecente.
Inundou o corpo.
Bebeu a sede
que a ocultava!...

 
UAI SÔ!!!

Sou aspas acento
Vírgula que rebola
No colo do tempo
Eu sou!...
Pensamento fechado
Coisa outra
Do nada medrado
Algures…
Nenhures…
Sou estante
Do livro quedado

Uai sô!...

Mineirinho vou…